📌 Destaques nacionais
SUS começa a rastrear TEA entre 16–30 meses
O Ministério da Saúde lançou uma nova linha de cuidados para o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela determina que profissionais da Atenção Primária apliquem o teste M‑Chat em todas as crianças de 16 a 30 meses, como parte da rotina de avaliação de desenvolvimento. O objetivo é iniciar intervenções antes mesmo do diagnóstico fechado, reforçando a importância da intervenção precoce (agenciabrasil.ebc.com.br).
Expansão da rede de reabilitação e investimento extra
Como parte do programa Agora Tem Especialistas, a pasta anunciou R$ 72 milhões para habilitar 71 novos serviços da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência e ampliar a capacidade de 33 centros existentes. Em São Paulo, o Ministério destinou R$ 5,5 milhões por ano para um novo Centro Especializado em Reabilitação (CER) e reforço de outros cinco CER. Essas medidas irão beneficiar 18 estados e o DF (gov.br).
Paracetamol e autismo – Nota oficial
Diante de declarações do governo norte‑americano, o Ministério da Saúde reafirmou que não existe evidência científica ligando o uso de paracetamol ao TEA. A pasta alertou que disseminar a ideia de que o paracetamol causa autismo pode gerar pânico, levar gestantes a recusarem tratamento de febre ou dor e prejudicar mães e filhos (gov.br).
🌐 Destaques internacionais
EUA anunciam medidas controversas para o autismo
Em 22 de setembro, o presidente Donald Trump e o secretário de Saúde norte‑americano Robert F. Kennedy Jr. anunciaram ações consideradas “ousadas” para enfrentar o crescimento do autismo (hhs.gov & nih.gov). O pacote inclui:
• Leucovorina (folinato de cálcio) – A FDA publicou notificação para atualizar a bula do leucovorin, permitindo uso em crianças com deficiência cerebral de folato e sintomas autistas
• Alerta sobre acetaminofeno (paracetamol) – O governo pretende inserir advertências na bula de acetaminofeno para gestantes, diante de estudos preliminares sobre risco de autismo
• Iniciativa de ciência de dados – O NIH anunciou a Autism Data Science Initiative, investindo mais de US$ 50 milhões em 13 projetos que combinam dados genéticos, exposômicos e clínicos
Críticas da comunidade científica
A coletiva norte‑americana provocou forte reação. Reportagem do The Transmitter relata que a Coalition of Autism Scientists, com mais de 260 pesquisadores, afirmou que não há evidências de que o paracetamol cause autismo e que o leucovorina não é cura. Especialistas chamaram a proposta de advertência para acetaminofeno de “irresponsável” e solicitaram ensaios clínicos rigorosos antes de recomendar leucovorina (thetransmitter.org).
No mesmo dia, a FDA divulgou nota informando que está iniciando a aprovação de leucovorin para tratar sintomas de autismo associados à deficiência cerebral de folato, citando uma análise de literatura de 2009‑2024. A agência ressalta que ainda são necessários estudos adicionais para populações mais amplas (fda.gov).
📊 Tendências e mercado de terapias
Judicialização e planos de saúde
Enquanto operadoras de planos de saúde no Brasil pressionam por diretrizes terapêuticas específicas, o Ministério da Saúde reforça planos terapêuticos personalizados e início precoce das intervenções (agenciagov.ebc.com.br). A falta de critérios uniformes para a carga horária de terapias, como ABA, continua sendo ponto de debate no mercado privado.
Inclusão de serviços multidisciplinares
O modelo de João Pessoa, que integra serviços de assistência social, saúde e inclusão cultural, ilustra uma tendência de centros multidisciplinares para apoiar pessoas com deficiência e autistas (portaldacapital.com). Esse tipo de abordagem melhora o acesso a terapias, estimula a autonomia e valoriza talentos individuais.
Combate à desinformação
O Brasil reagiu rapidamente às declarações norte‑americanas sobre paracetamol. Ministério da Saúde, Anvisa, OMS e a Agência Europeia de Medicamentos concordaram que não há evidências que liguem o analgésico ao autismo (gov.br / agenciabrasil.ebc.com.br). A atuação coordenada das instituições públicas demonstra a importância de orientar as famílias com base em ciência.
💡 Reflexão da semana
A semana foi marcada por grandes anúncios e debates. No Brasil, o lançamento da linha de cuidados para TEA sinaliza avanço importante: diagnosticar cedo, intervir cedo e personalizar o cuidado, com investimentos em centros especializados e apoio às famílias.
Internacionalmente, ações do governo dos Estados Unidos evidenciaram como políticas públicas podem ser influenciadas por narrativas controversas. É fundamental manter o foco em evidências científicas e assegurar que novas terapias passem por testes rigorosos antes de serem amplamente recomendadas. Esse desafio exige colaboração global, inclusão e responsabilidade na comunicação.
Elaborado por TEAjudo, com curadoria de Júlio e equipe especializada. Última atualização: 28 de setembro de 2025.